Por Letícia Arcoverde | De São Paulo
A Lei Anticorrupção e a Operação Lava-Jato fizeram empresas se atentarem para riscos relacionados à ética e a criarem áreas dedicadas a compliance. De acordo com um levantamento da consultoria Wiabiliza, no entanto, ainda falta a elas adotar indicadores para medir sua eficiência.
A pesquisa contou com 280 empresas da indústria, agronegócio e construção civil, entre outros setores. Mais da metade delas tem hoje áreas dedicadas a compliance (57%), e outras 11% estudam implementar uma. Embora essa seja a primeira vez que a consultoria faz esse levantamento, o presidente da Wiabiliza, Jorge Ruivo, estima que há três anos o número de companhias com área de compliance não passaria dos 30%. Entre as empresas do setor de construção civil, a quantidade das que já possuem programas de compliance é ainda maior, 66%, enquanto 19% estudam a criação da área. “Elas estão mais expostas hoje. Existem dois países, um antes e outro depois da Lava-Jato”, diz Ruivo.
Dentre todas as empresas que têm programas de compliance, no entanto, menos da metade (46%) possui indicadores e métricas para avaliar a eficiência da área. Só 8% dizem que a adoção dessas medidas está sendo estudada, e 46% não têm formas de medir a qualidade do programa – algo que a consultoria considera um risco.
Essas práticas podem ser pesquisas periódicas com funcionários ou fornecedores para identificar o nível de interpretação das regras e como elas estão sendo aplicadas, diz Ruivo. “Não adianta implantar regras e não cumpri-las, é preciso fazer valer ou o funcionário não vai respeitar.” Por consequência da exposição maior, entre as companhias da construção civil, 51% já adotam indicadores de medição de qualidade, e 24% estudam sua implementação.
Só 43% de todas as companhias da pesquisa promovem treinamentos continuados em ética e combate a atos ilícitos. As práticas relacionadas a compliance mais adotadas são código de ética e conduta (89%), controles internos para verificar se há fraudes em demonstrativos de resultados (86%), e regras específicas para recebimento de cortesias como brindes, viagens ou ingressos (82%).
Fonte: Valor